sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Apoiar coisas que valem a pena.

DIVULGUEM...Ou vamos perder o site de educaçãopor falta de acesso!
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos.
Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis ou a DivinaComédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA, ARTIGOS CIENTÍFICOS
· e muito mais....
Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso,basta acessar o site: http://www.dominiopublico.gov.br/
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramentade disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Divulgue para o máximo de pessoas!
É MELHOR FAZER PROPAGANDA DOS BBBs E DAS NOVELAS, POIS, O POVO ASSISTE E FICA BURRO, E ASSIM É MAIS FÁCIL DE SER ENGANADO!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Comênio - O pai da didática moderna

O filósofo tcheco combateu o sistema medieval, defendeu o ensino de "tudo para todos" e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança
Foto: Corbis /Stock Photos
Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino. Também acreditamos que o direito de todas as pessoas – absolutamente todas – à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato, essas idéias se consagraram apenas no século 20, e assim mesmo não em todos os lugares do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação. A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. A obra, à qual o autor se dedicou ao longo de sua vida, tinha grande ambição. "Comênio chama sua didática de ‘magna’ porque ele não queria uma obra restrita, localizada", diz João Luiz Gasparin, professor do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá. "Ela tinha de ser grande, como o mundo que estava sendo descoberto naquele momento, com a expansão do comércio e das navegações."

No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades. Ruptura com a escolástica Comênio era cristão protestante e pertencia ao grupo religioso Irmãos Boêmios, ao qual se manteve vinculado por toda a vida, tornando-se, em 1648, bispo dos morávios. Embora profundamente religioso, o pensador propôs uma ruptura radical com o modelo de escola até então praticado pela Igreja Católica, aquele voltado apenas para a elite e dedicado primordialmente aos estudos abstratos. Ainda vigoravam as doutrinas escolásticas da Idade Média, pelas quais todas as questões teóricas se subordinavam à teologia cristã.
Biografia O nome Comênio é o aportuguesamento da assinatura latina (Comenius) de Jan Amos Komensky, nascido em 1592 em Nivnice, Morávia (então domínio dos Habsburgos, hoje República Tcheca). O pensador Comênio foi filho único de um casal de membros do grupo protestante Irmãos Boêmios. Na Universidade de Heidelberg (Alemanha), se entusiasmou com as idéias de filósofos que criavam uma concepção de ciência baseada no empirismo. Seguiu carreira religiosa e teve de fugir para a Polônia quando, no início da Guerra dos 30 Anos, em 1618, o rei Ferdinando II decidiu reimpor o catolicismo na Boêmia. Sua revolta com a situação o levou a escrever obras filosóficas e pedagógicas satirizando a ordem vigente e propondo mudanças radicais. Essas idéias seduziram pensadores da Inglaterra, que o convidaram a trabalhar no país, mas o projeto foi abortado pela eclosão da Guerra Civil Inglesa, em 1642. Tentativas de reforma escolar a pedido dos governos da Suécia e da Hungria acabaram fracassando – em parte por causa da insistência do pensador em divulgar sua "pansofia", sem sucesso – e ele voltou para a Polônia. Comênio teve novamente de fugir de uma guerra civil e estabeleceu-se em Amsterdã, onde permaneceu até morrer, em 1670. Por essa época, seus livros de texto ilustrados para o aprendizado de línguas e ciências tinham se tornado uma bem-sucedida novidade nas escolas da Europa.
Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação. "Ele defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz Gasparin. Comênio respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantil nas cidades européias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação dos textos religiosos, proibida pela Igreja Católica. A obra de Comênio corresponde também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova concepção de criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num tempo em que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A educação era vista e praticada como um castigo e não oferecia elementos para que depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na sociedade. Comênio reagiu a esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?"

Salvação da alma
Sob influência de seitas protestantes e do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), Comênio acreditava que a salvação da alma poderia ser alcançada durante a vida terrena e que o caminho para isso poderia ter a ajuda da ciência. Para ele, a criatura humana correspondia ao ideal de perfeição. Comênio acreditava que, por ser dotado de razão, o homem pode entender a si e a todas as coisas. Portanto, deve se dedicar a aprender e a ensinar. Seguindo esse pensamento, Comênio conclui que o mais importante na vida não é a contemplação e sim a ação, o "fazer".
Para pensar
A maior contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor Gasparin, a idéia de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comênio criou a expressão "didacografia" para designar o método universal de ensino que ele pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz de realizar essa revolução? Qual é sua opinião?
No pensamento humanista do pedagogo tcheco, a instrução e o trabalho diferenciavam o homem burguês do homem feudal. Em sua trajetória, o novo indivíduo deveria imitar a natureza, porque, emulando Deus e respeitando as aptidões de cada um, não haveria possibilidade de erro. De Bacon, Comênio adotou o método empírico de explorar o mundo, em contraposição às verdades impostas pelo ensino medieval. Pela experimentação, ele acreditava que todos poderiam vir a enxergar a harmonia do universo sob o caos aparente. "Comênio queria mudar a escola com a didática e a sociedade com a educação", diz Gasparin. "Era um grande idealista."
Em busca da harmonia universal
Comênio viveu a maior parte da vida cercado de guerras. Algumas delas, como a Guerra dos 30 Anos, de protestantes contra católicos, lhe diziam respeito diretamente. Toda sua obra foi marcada profundamente por isso, uma vez que o fim último de seu pensamento era a compreensão universal, que uniria toda a humanidade. Ele perseguiu desde a juventude a unificação da totalidade do conhecimento humano, porque imaginava que ele era finito e imutável. A construção de uma enciclopédia do saber e sua adaptação às capacidades infantis são o grande tema da pedagogia de Comênio, e para sustentá-la ele criou uma base filosófica que denominou "pansofia", a procura de um princípio básico que harmonizasse todo o saber. Ao contrário de seu pensamento educacional, que suscitou interesse pela Europa afora, a pansofia não teve seguidores.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A cultura "Badboy".

Saudade é coisa boa de se ter, mas saudosismo já não curto tanto. Apesar dos impasses e incertezas quanto ao futuro, cabe a todos nós alimentarmos esperanças para dias melhores. Isso implica em fazer projetos, não abdicar dos sonhos e nutrir ambições legítimas. Dias desses, falava aqui dos desvios de comportamentos da juventude e dizia que, infelizmente, seguiríamos ouvindo falar deles. Mas confesso, não dessa forma tão próxima e impactante. Em plena praça central, um crime aconteceu e nele jovens dos bairros da periferia da cidade estavam diretamente envolvidos! Gostaria de não ser alarmista, mas é impossível não perceber o que isso sinaliza para o comprometimento do futuro...
Um daqueles rapazes que integrava o grupo que cometeu o ato insano e desajuizado de assassinar o jovem Cássio, era meu aluno no ensino médio. Aí bate aquela tremenda sensação de impotência e frustração! Fico imaginando o que aquele rapazinho de pele negra e com “estereótipo” de “badboy” não deve estar passando... Fico também pensando, nos outros rapazes que possuem um perfil semelhante ao dele. Um futuro irremediavelmente comprometido por um ato cujas proporções ele talvez nem tivesse total consciência. Muitos que não tiveram contato com esse rapaz em particular, (não digo dos outros que não conheci) ao ver sua foto, haverão de dizer: é um marginal, merece cadeia e coisa ainda pior se houver...
Vamos analisar a infância desse garoto, conversar com seus pais e saber das suas opções. Trabalhava ou vagabundeava? Usava drogas? Discretamente eu procurava aproximar-me dele, sabia que tinha problemas, o que fazia dele um garoto arredio, mas receptivo às minhas atenções superficiais por certo, pois infelizmente, as turmas são enormes e o professor tem que se desdobrar se quiser dar uma atenção mais personalizada aos seus alunos. A mim parecia que aquele adolescente, próximo à maioridade, fazia os seus progressos: sorria, brincava, participava da aula, era aceito pelos colegas.
A escola não pode ser vista como um centro de recuperação, mas com toda a certeza é um espaço de socialização muito importante. As nossas melhores saudades se reportam a essa fase inesquecível. Soube, inclusive, que o referido jovem trabalhava num mercadinho e que a dona que o empregou também sentia muito com o que ocorrera, pois não esperava que ele fosse se integrar a um grupo tão violento... Seus colegas observaram-no diferente nos últimos dias, que antecedeu a tragédia, e aconselharam-no a não se envolver com aquela turma, mas, o pior aconteceu...
Praça, uma vez, era o centro do convívio. Aliás, na Grécia antiga ela serviu de local para o debate das questões ligadas à cidade. Era chamada “Ágora”. Nela, os homens livres confabulavam seus projetos, reivindicavam seus direitos, acordavam leis, subiam no banquinho e proferiam discursos desenvolvendo assim, por tabela, o raciocínio lógico. Nela, desenvolveu-se o pensamento dito filosófico e, por conseguinte, a política. Assim, podemos dizer que a democracia e o espírito de cidadania nascem na praça pública.
A praça acolhe um sentido quase sagrado que alimenta o relacionamento para além dos propósitos mercadológicos. A praça é livre. Ela é do povo. Ela é da paquera que pode resultar na formação de novos núcleos familiares. Ela é da noite, da seresta, da retreta, do carnaval. Ela é da criança, da pipoca e do jornal. Ela é do aposentado, do patins, das manifestações e dos desfiles. Ela já foi o ponto de encontro, dos giros horários e anti-horários após a sessão de cinema e das enormes palmeiras que marcavam a passagem do tempo. Voltar ao que era antes não será mais possível, mas será responsabilidade nossa não fazê-la um lugar de garotos maus.

TERNIDADE

Acometeu-me o pânico na infância
pela demora da mão paterna,
quando deixado num ângulo
tão perto e longe do lugar de sempre.

Jovem em vias bifurcantes,
saltitava em buscas para além das vizinhanças urbanas,
transpondo a Mantiqueira de flancos alcantilados,
no convívio com os quais o coração soía pulsar...

Num ínterim de anos passados,
cujas impressões impregnaram a memória,
contemplei de longínquas janelas,
cascatas de mármore em fontes
que sequer ouso nomear...

Agora somente, sem medo,
convivem pacificados
a criatura e seus esboços mal traçados,
numa obra indefinida,
retorcidas interrogações.

Atado umbilicalmente ao mundo,
sendo por ele gestado,
declino-me da definitividade,
desdobrando a procura de outra mão,
que ora se esconde e se me revela,
para além das elevações
que só então consigo ver.