quinta-feira, 25 de março de 2010

MafrAtelier III

Revoadas no Pantanal, 2009. Vendido

sexta-feira, 12 de março de 2010

Cultura Biguebródica X Cultura da Solidariedade

A gente que convive com a moçada na escola e exerce a árdua e ao mesmo tempo apaixonante tarefa de educador, reconhece que essa nova geração não é destituída totalmente do senso das coisas. É como se elas soubessem, mas entre o saber racional e o sabedoria comportamental , parece haver um grande abismo. É a tal da inteligência emocional que também precisa ser levada em conta. Isso vem reforçar ainda mais aquela idéia de que não adianta só educar o intelecto, pois estaríamos incorrendo num racionalismo que já não funciona mais. Delegar à escola todo o processo educativo é um absurdo e inventar para ela, mais e mais atribuições em caráter de suplência àquilo que só os pais podem fazer, é escamotear-se das verdadeiras soluções. É preciso saber lançar mão de elementos que eduquem as emoções e os sentimentos que possam repercutir nos padrões comportamentais. É a tão falada decadência da ética, onde as palavras e os discursos podem vir abaixo em instantes, diante de um mau exemplo de amplitude nacional. Os jovens sabem muito bem o que se encontra escondido, tanto nas cuecas quanto também nas meias...

Pais e educadores lidam hoje com isso o tempo todo, quando no desejo de educar bem a consciência dos jovens, assistem perplexos os seus esforços indo abaixo e suas palavras caindo no vazio, diante de uma única cena de TV, por exemplo. Programas que em outros países já foram banidos das grades de apresentação, devido à comprovada má influência que exercem, aqui no Brasil, reinam como líderes absolutos no horário nobre. Com certeza, eles resultam nos comentários e assuntos que vigoram na maioria das conversas de jovens e adolescentes, nas salas de aula e nos recreios escolares desse imenso país. É o que na teoria da comunicação chamamos de “intertextualidade”, onde o público receptor continua construindo outros “textos”, através da tessitura de comentários que são feitos a partir de um “texto” original, ou seja, a partir daquele transmitido pela fonte emissora.

Escreva três “bês” maiúsculos no quadro e ao redor deles coloque palavras, perguntando aos próprios alunos quais os valores que estão ali implícitos e encontraremos: falsidade, ambição, pornografia, sem-vergonhice, ganância, comércio, interesse, fama, intriga, futilidade, exibicionismo, fofoca, entre outras coisas... Mesmo assim, alguns haverão de afirmar: “mas isso tudo é muito bom e eu adoro...” Pois é a fala da mais absoluta sinceridade: “o programa possui todos os ingredientes dos quais nós aprendemos a gostar”. E pelo visto não vai adiantar que alguns poucos descontentes expressem suas críticas, pois o apresentador, que personifica a mentalidade reinante, irá continuar chamando de “heróis” todos aqueles que se submetem a esse jogo milionário.

Não seria mais conveniente chamar de heroína aquela professorinha do interior do sertão que se desdobra, ganhando uma mixaria para fazer chegar aos meninos de nariz escorrendo e às meninas de chinelo de dedo, a instrução e os valores da cidadania? Ou não seria o jovem universitário, assassinado por engano, filho de mãe coletora de lixo, o verdadeiro herói dessa história real tão controvertida? No entanto, nessa desleal inversão de valores, são considerados heróis os que nem sequer sabem conjugar o verbo “trabalhar”, pois esperam entre festinhas e edredons e juntamente com um público anestesiado em rede nacional, serem os contemplados por suas tramas de astúcias e espertezas. E que se dane o resto... Como dizia Ariano Suassuna, numa palestra proferida anos atrás numa Universidade, sobre o empobrecimento da cultura nacional: “se eles radicalizam de lá, a gente tem de radicalizar de cá...”

Não é nada agradável o discurso demagógico e moralizante. Nem mesmo aquele que vem sob a capa da mais pura religiosidade. Seria mesmo muito melhor se falássemos só das flores, mas convenhamos, andam atravessando os limites e se não gritarmos, eles não terão mais confins. O documento da Campanha da Fraternidade Ecumênica exprime a consciência de que o esforço de construção deste mundo alternativo pode ser considerado, em primeiro lugar, um ato de contracultura, no sentido da contraposição a uma forma de entender a vida humana e a atividade econômica, marcadas por uma cultura "do enriquecimento com exploração, da acumulação que provoca a carência de muitas pessoas e do consumismo egoísta e materialista que coloca em risco a vida na Terra". Trata-se, assim, de uma reação à cultura do Eu, do egoísmo, do individualismo como valores fundantes de nossa configuração societária.

O referido documento nos convida também, a avaliar a possibilidade e a nos engajar na construção da organização das relações dos seres humanos entre si e de suas relações com a natureza fundada em outras balizas: a solidariedade "que faz da humanidade uma família onde todos se protegem mutuamente" o que implica fundamentalmente a mudança do modelo de vida social vigente. O capitalismo transformou a competição no único modo de relação econômica. Subjacente a esta postura, está uma concepção do ser humano que se entende basicamente como indivíduo, de tal modo que o sentido das ações do ser humano no mundo é a busca de satisfação do interesse próprio de cada um. O bem comum se atinge na medida em que se respeita o automatismo dos mecanismos de mercado e das relações competitivas como instrumentos necessários à busca do lucro máximo. Nesta configuração da vida coletiva, a liberdade deste indivíduo absoluto, significa a negação e a indiferença frente à individualidade do outro, o que Margareth Tatcher exprimiu com plena clareza com sua afirmação: "A sociedade não existe, a única realidade é o indivíduo".

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, expressou assim sua indignação:

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

quinta-feira, 11 de março de 2010

MafraAtelier II

Título: Barquinho no entardecer Técnica: mista

quarta-feira, 10 de março de 2010

MafraAtelier I

Título: Aves no pantanal Técnica: òleo sobre tela Propriedade: Marcondes Ximenes Ano: 2009



Título: "Mama África" Tamanho: 1.00x80 Técnica: Mista Ano: 2009 - À venda

MafraAtelier