sábado, 13 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Os setenta anos de um mito

E não é que o “velhote” mais genial da arquitetura contemporânea não deixará a história sem homenagear o “Atleta do Século”? Pois é, a gente fica até com uma pitadinha de inveja. A cidade paulista de Santos vai erguer um monumento a Pelé, com formato de uma bola, idealizado por Oscar Niemayer, que começou a esboçar Brasília na mineirice dos rabiscos da Pampulha. No interior desse projeto arquitetônico, hospedar-se-á um Museu, para a preservação da memória de Edson Pelé. Vai ganhar notoriedade, visibilidade, apelo turístico e dividendos financeiros.

Em época de preparativos para a Copa, os investimentos e os projetos hão de ser ousados. Muitos já questionam a viabilidade desses planos milionários e o que se fará depois de haver passado o evento, com todos esses aparatos de engenharia... A reportagem da televisão, num domingo à noite, fazia-nos ver como a China, por exemplo, continua utilizando os espaços criados e remodelados para as olimpíadas que ela promoveu. E assim, somos instados a acreditar que valerá a pena esse gasto do dinheiro público. O memorial do Pelé em Santos, sem dúvida, está sendo um projeto de homens ousados, para reverenciar a história de uma pessoa que é um tremendo exemplo para a juventude atual, carente de símbolos realmente significativos. Principalmente para aqueles que compartilham da mesma etnia.

Enquanto isso, nós aqui no berço do Rei, reconhecemos o anseio geral da população tricordiana de estreitar mais os laços com a insigne celebridade, mas admitimos que a prática não anda muito em sintonia com as intenções. A ironia, talvez, seja uma forma de compensar a frustração coletiva. O “Gordo” plantou estrategicamente à beira da Fernão Dias um belo trabalho artístico, evocando o famoso “soco no ar” de Pelé após a comemoração de um gol. Alguns galhofeiros disseram tratar-se de um arremesso de pedra na “Coca” (!). Piadas à parte, já vi muita gente parada naquele trevo, admirando e tirando fotos...

Pelé representa vários mitos da nossa civilização. O mito do “made self man”, ou seja, do menino de origem humilde que se projetou para o mundo pela força de vontade e pelo impulso do carisma. O mito da fortaleza da raça. É bom que falemos nisso nesse mês dedicado à consciência negra. Em um período em que a sociedade não teria como esconder a sua hipocrisia - devido a discriminação racial latente - ele se auto-afirmou, derrubando barreiras inimagináveis. Enfrentou de modo natural, inconsciente e involuntário a ideologia do “branqueamento” e fez valer com galhardia, a dignidade da sua negritude.

O mito do corpo saudável também é possível de entrever na biografia desse gigante. Por que as academias andam tão freqüentadas? Existe, por certo, a “ditadura da estética”, mas no caso dele, isso não tem relevância. Hoje, aos setenta, conserva a jovialidade pelas qualidades do seu biótipo, pelo beneficio acumulado da prática esportiva, pelo distanciamento dos vícios maléficos. O vigor é o resultante de uma vida primada pelo o equilíbrio.

O mito da imortalidade é algo bastante buscado pelos homens e mulheres da era de tecnologia avançada. Queremos superar limites e viver para sempre. Sabemos que isso não se conquista plenamente no plano físico. Serão nossas ações voltadas para algo realmente meritório que nos imortalizarão. O legado de Pelé haverá de mantê-lo por muito tempo, como destaque único no seu campo de atuação.

Por fim, o mito da universalização, para evitar o outro termo “globalização”, de cunho mais mercadológico. Se bem que, é preciso lembrar que ao tratarmos com ele, também estaremos tratando com um homem empreendedor. O empresário Pelé é um homem com vistas também para o mercado. Tanto é que, uma proposta de bom investimento não seria de todo descartável. Por que não uma empresa de Pelé em sua própria terra?

A consciência de que o mito, agora extrapola os limites geográficos e vai se configurando no mundo todo, imprime serenidade aos conterrâneos, sem com isso querer justificar acomodações que serão imperdoáveis na história local. A questão da preservação da memória é algo que se impõe para a cidade de forma quase inexorável. É certo que existem outras demandas administrativas e o limite dos recursos disponíveis pode não deixar os sonhos correrem à solta. Pode ser que não tenhamos a mesma força e a mesma capacidade de mobilização da cidade paulista, mas não podemos nos conformar em oferecer apenas uma sala na Casa da Cultura, em meio a tantas outras “coisas” igualmente importantes, para documentação do nosso passado, sem que se faça algo para destacar essa deferência justa, educativa e necessária.

sábado, 9 de outubro de 2010

Painel "Tricordianos" V

O Atlético Clube Três Corações já foi e sempre será uma paixão que persistirá nos corações tricordianos... Ele é aqui representado nesse jogo gráfico que deseja também resgatar a memória da grande instituição de educação: a Unincor.


Na base estão aqueles que ainda estão jogando o jogo da arte, da magistratura, da cidadania. eles nos representam. Braz Chediak é nome de referência para a história do cinema brasileiro. Victor Cunha é a personalização do "tricordiano por excelência"(escritor, historiador, violonista, seresteiro). Dr. João Otávio Noronha (a quem eu imitava nos tempos do Colégio) é hoje Ministro do Supremo Tribunal de Justiça que, juntamente com o Comendador Dr. José Alberto Weiss de Andrade, enobrecem o Judiciário.

É isso... No mais, deixo que as imagens expliquem por elas mesmas...

Painel "Tricordianos" IV


No centro está ele. O mais ilustre. O genial atleta do século: Edson Arantes "Pelé" do Nascimento! O chute é performático, para o alto e para frente. Para onde o futuro deseja conduzir os destinos da "Cidade do Rei".

Painel "Tricordianos" III

Na segunda fileira, da esquerda para direita, podemos observar grandes representantes da política local a começar pelo Presidente da República Carlos Luz, o Prefeito Odilon Resende, José Alves Sobrinho e o Dr. João Garcia a quem podemos atribuir também escritos de extraordinário valor para a historiografia de Três Corações.

Painel "Tricordianos" II

Dom Estevão Cardoso de Avellar é quem se pode ver aqui retratado pelo artista conterrâneo e amigo, como testemunho perpétuo da estirpe dos bons homens de que a cidade já foi berço. De Três Corações, "inflamado" pela causa dos empobrecidos, pastoreou sobretudo no Araguaia em meio aos conflitos. Em Uberlândia, o dominicano falou de justiça. Teve a sua fé provada no "cadinho da humilhação"... Um grande vencedor!
O ambiente em que esses representantes do povo se encontram é como que num grande estádio. Do Elias Arbex projetado para outros lugares do mundo... No grande certame da vida!

Painel "Tricordianos" I

Da esquerda para direita na primeira linha do alto, estão retratados figuras exponenciais das artes literárias: Godofredo Rangel, Benefredo de Souza e Darcy Brasil.

Painel Pictórico "Tricordianos"

Finalizando a obra do 4º Painel para a Câmara Muncipal de Três Corações - Set. 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Texto - Trabalho de Sociologia da Educação

(Deixar um comentário sobre esse texto. Pode ser também sobre um comentário que fez um colega sobre o respectivo texto).

Atualizar a pedagogia face ao mundo mudado


Leonardo Boff *


Adital - Séculos de guerras, de confrontos, de lutas entre povos e de conflitos de classe nos estão deixando uma amarga lição. Este método primário e reducionista não nos fez mais humanos, nem nos aproximou mais uns dos outros e muito menos nos trouxe a tão ansiada paz. Vivemos em permanente estado de sítio e cheios de medo. Alcançamos um patamar histórico que, nas palavras da Carta da Terra, "nos conclama a um novo começo". Isto requer uma pedagogia, fundada numa nova consciência e numa visão includente dos problemas econômicos, sociais, culturais e espirituais que nos desafiam.

Esta nova consciência, fruto da mundialização, das ciências da Terra e da vida e também da ecologia nos está mostrando um caminho a seguir: entender que todas as coisas são interdependentes e que mesmo as oposições não estão fora de um Todo dinâmico e aberto. Por isso, não cabe separar mas compor, incluir ao invés de excluir, reconhecer, sim, as diferenças mas também buscar as convergências e no lugar do ganha-perde, buscar o ganha-ganha.

Tal perspectiva holística vem infuenciando os processos educativos. Temos um mestre inolvidável, Paulo Freire, que nos ensinou a dialética da inclusão e a colocar o "e" onde antes púnhamos o "ou". Devemos aprender a dizer "sim" a tudo aquilo que nos faz crescer no pequeno e no grande.

Frei Clodovis Boff acumulou muita experiência trabalhando com os pobres no Acre e no Rio de Janeiro. Na esteira de Paulo Freire, entregou-nos um livrinho que se tornou um clássico: "Como trabalhar com o povo". E agora face aos desafios da nova situação do mundo, elaborou um pequeno decálogo daquilo que poderia ser uma pedagogia renovada. Vale a pena transcrevê-lo e considerá-lo pois nos pode ajudar e muito.

1."Sim ao processo de conscientização, ao despertar da consciência crítica e ao uso da razão analítica (cabeça). Mas sim também à razão sensível (coração) onde se enraizam os valores e de onde se alimentam o imaginário e todas as utopias.

2. Sim ao "sujeito coletivo" ou social, ao "nós" criador de história ("ninguém liberta ninguém, nos libertamos juntos"). Mas também sim à subjetividade de cada um, ao "eu biográfico", ao "sujeito individual" com suas referências e sonhos.

3. Sim à "praxis política", transformadora das estruturas e geradora de novas relações sociais, de um novo "sistema". Mas sim também à "prática cultural" (simbólica, artística e religiosa), "transfiguradora" do mundo e criadora de novos sentidos ou, simplesmente, de um novo "mundo vital".

4. Sim à ação "macro" ou societária (em particular à "ação revolucionária"), aquela que age sobre as estruturas. Mas sim também à ação "micro", local e comunitária ("revolução molecular") como base e ponto de partida do processo estrutural.

5. Sim à articulação das forças sociais sob a forma de "estruturas unificadoras" e centralizadas. Mas sim também à articulação em "rede", na qual por uma ação decentralizada, cada nó se torna centro de criação, de iniciativas e de intervenções.

6. Sim à "crítica" dos mecanismos de opressão, à denúncia das injustiças e ao "trabalho do negativo". Mas sim também às propostas "alternativas", às ações positivas que instauram o "novo" e anunciam um futuro diferente.

7. Sim ao "projeto histórico", ao "programa político" concreto que aponta para uma "nova sociedade". Mas sim também às "utopias", aos sonhos da "fantasia criadora", à busca de uma vida diferente, em fim, de "um mundo novo".

8. Sim à "luta", ao trabalho, ao esforço para progredir, sim à seriedade do engajamento. Mas sim também à "gratuidade" assim como se manifesta no jogo, no tempo livre, ou simplesmente, na alegria de viver.

9. Sim ao ideal de ser "cidadão", de ser "militante" e "lutador", sim a quem se entrega, cheio de entusiasmo e coragem, à causa da humanização do mundo. Mas também sim à figura do "animador", do "companheiro", do "amigo", em palavras pobres, sim a quem é rico de humanidade, de liberdade e de amor.

10. Sim a uma concepção "analítica" e científica da sociedade e de suas estruturas econômicas e políticas. Mas sim também à visão "sistêmica" e "holística"da realidade, vista como totalidade viva, integrada dialeticamente em suas várias dimensões: pessoal, de gênero, social, ecológica, planetária, cósmica e transcendente."

domingo, 5 de setembro de 2010

Manifestar e opinar: sinais de cidadania

Acredito não exagerar na afirmação de que uma das marcas características da sociedade pós-industrial, seja essa apatia capitaneada pelo espírito individualista que vai contaminando espíritos, mentes e corações.
Na semana da Pátria somos, de alguma forma, induzidos a pensar um pouco mais além das fronteiras que permeiam os interesses latentes do restrito território umbilical.
O que é a Pátria e o que é a Nação? Um conceito vago ou quase sempre relacionado a outros conceitos estereotipados. Isso porque na verdade, não construímos ainda esse sentimento de “pertencimento” a um grupo mais extenso de gente que habita um vasto território. É difícil mesmo ser generoso e aumentar o espaço da nossa familiaridade. Por vezes, o conceito “povo” vem sempre junto de adjetivos de cunho pejorativo. O sentimento pátrio fica visivelmente evidenciado em certas ocasiões, como é comum de acontecer nas Copas. Ruas e residências, mesmo aquelas mais periféricas, vão se colorindo com os mesmos tons e há uma espécie de convergência e unanimidade. Rompem-se assim, as barreiras e abraça-se com mais facilidade, quem quer que esteja ao lado, na comemoração de cada lance que valide a vitória. Nesses efusivos abraços não importa sexo, cor e posição social...
Admiro as concepções inovadoras a que chegaram alguns brasileiros, de amor extremado pelo país. Lembro-me de uma fala do antropólogo Darcy Ribeiro quando, já pelos finais de sua peregrinação terrestre, sentenciava quase a fazer-nos um desafio. Era mais ou menos isso: “ O Brasil ainda não descobriu a sua verdadeira identidade. O que ele vai ser e o que ele pode ser, está ainda para ser gestado. Isso competirá a vocês, a essa nova geração...”
Sinceramente penso, que esse sentimento de nacionalidade autêntica, sem falsos ufanismos, só se construirá a partir dos menos arrogantes. Quem tem mais poder e dispõe de maiores recursos financeiros, toma seu jatinho e vai para Miami, ensinando o mesmo aos filhos que vão à Disney, festejam Halloween e não estão nem aí para a “sincopagem” do samba e nem se interessam por saber o que a baiana tem. A constituição do povo, suas riquezas culturais, quando não solapadas, são até mesmo desdenhadas. Nesse aspecto, concorre muito o papel da mídia nacional, que deveria servir mais ao povo de espelho, a fim de ajudar-lhe a refletir sobre o seu próprio rosto, mas ficamos, em grande parte, estimulados por ela, na contemplação fascinada do rosto do outro. O povo extremamente criativo, vira povo imitativo, dependente, colonizado pela cultura do consumo e da violência.
De qual país fazemos parte? Sejamos honestos conosco mesmos e abracemos a realidade. A democracia é um processo, portanto, ainda está a caminho. Ela ainda não chegou de fato à sua maturidade. Mas em nome dessa democracia é que devemos ousar falar e a manifestar opiniões. Penso, por exemplo, que para uma cidade como a nossa, com uma liderança intelectual, estudantil e acadêmica tão capaz, faz-se demasiado silêncio em muitas das suas áreas... E articula-se pouco em torno de nomes que realmente a represente com categoria, na câmara dos deputados.
O “ficha limpa” teve de ser implantado, mas disse-se que nunca houve tanta “prostituição” em campanha eleitoral, coligações esdrúxulas, falta de idealismo político, jogos de interesses unicamente pessoais em detrimento dos valores coletivos. Quando resolveremos essa questão? Essa resposta é simples e já foi dada lá atrás, por mais um apaixonado pelo Brasil. Anísio Teixeira, defensor do ensino público de qualidade para todos, já dizia que só haveria verdadeira democracia no Brasil quando ele investisse na escola, na educação. A solução existe, falta é quem queira realmente colocá-la em prática.
Que país é esse? É o país dos superfaturamentos bancários, da saúde pública periclitante, que ainda trata mal seus aposentados. É o país aonde em muitos casos, é preciso gritar, porque falar educadamente, em bom tom, parece não resolver. E por falar em gritar, o Grito dos Excluídos chega, neste ano, a sua 16ª edição. Realizada durante o período da Semana da Pátria desde 1995, a manifestação popular tem o objetivo de promover a reflexão sobre a exclusão social no país. Neste ano, o Grito dos Excluídos acontece junto com o Plebiscito Popular Pelo Limite da Propriedade de Terra.
De acordo com Ari Alberti, membro da coordenação nacional do Grito, o lema deste ano busca incentivar a população a lutar pelos direitos que não são respeitados. "O lema quer chamar atenção para a questão dos direitos sociais colocados na Constituição, mas que não acontecem. Precisamos ir à luta, nos organizar [para garantir o cumprimento desses direitos]", afirma.
Direito à moradia digna, acesso à saúde e educação de qualidade são apenas algumas demandas que estarão em pauta durante as atividades do Grito. Alberti ressalta que, apesar de ser um evento nacional, cada local têm suas particularidades. Assim, as atividades, os dias em que acontecem e as demandas podem variar. "O lema serve para garantir uma unidade, mas a intenção é que cada um leve a tona seu grito local para, juntos, produzir um grito com eco nacional", comenta.
Para ele, o importante é mostrar para a sociedade que o país cresce, mas não se desenvolve se não é capaz de reduzir as desigualdades. "Dignidade não é ser só consumidor, para ter dignidade, precisa ser cidadão com direitos e acesso à justiça", esclarece, acrescentando que a mudança só é conseguida "de baixo para cima".

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Livre pensar é só pensar!

Meu Deus, que país é este?!?!



Este país tem uma enorme fome de dignidade e o povo, pede socorro!!!
Este nosso Brasil precisa de soluções estruturais, urgentes, que resultem na melhoria da qualidade de vida. Estamos em 2010 e chegamos a uma situação crítica em uma das questões mais elementares para o desenvolvimento da sociedade: a EDUCAÇÃO.
Cobram dos servidores da área, que passam a vida dando de si para formar cidadãos e esquecem-se de cobrar de quem, realmente, deveriam: do governo, das famílias, da sociedade. Também, com essa “ditadura” em Minas, o que poderia se esperar da Educação.
Muito já se fez, em outros tempos, contra a ditadura. Em Minas ela nos aparece, agora, vestida de democracia. Uma democracia fraca que tenta de todas as formas acabar com a força da Educação. Uma força pra sobrevivência digna.
Estamos em sala de aula, dando a vida por um ideal e as eleições estão chegando. Já se ouvem as propagandas. É um momento aterrorizante. Poluição total.
A luta pelo direito ao voto direto concretizou-se em 82 quando aconteceram as “diretas já”. Desde então cada cidadão resolveu mostrar que queria recuperar plenamente seus direitos manifestando por voto sua vontade. Pensando assim passou-se a ter certeza de que com isso seria o fim de qualquer golpe porque os governantes seriam escolhidos pelo cidadão. Mas... o cidadão não vota consciente. Se o fizesse, uma única eleição poderia revolucionar este Estado e este País. O voto é a arma mais poderosa que existe quando quem o usa tem consciência do que é política.
28 anos de lá até aqui. Um impeachment. Muitas mudanças. E... os governantes continuam nos usando como fantoches. Chego a pensar que para eles, do jeito que está, está de bom tamanho.
Um País, não só um Estado, precisa se organizar para propiciar a Educação adequada para seu povo, consequentemente trabalho, consequentemente emprego e por fim, uma renda, razoável, para todos.
Penso que nossos governantes não se preocupam com Educação, pois ela acaba com a subserviência e este fato por si só não interessa aos políticos no poder. É mais fácil dizer que a Educação é fraca porque os professores não se dedicam o suficiente. Com isso aumentam a carga horária e pagam menos. Não cumprem as leis feitas para a Educação. Enfim, marginalizam o que deveria ser primordial. Se a Educação não acontece em um País ou Estado, isso mostra que este lugar não é nada ético, mas imoral.
Não podemos deixar que depois de tanta luta este país seja um paraíso para uma minoria, um purgatório para uma maioria e um inferno para uns vinte ou trinta porcento. Tudo isso porque não é dado o devido valor a Educação. Um povo instruído não se deixa enganar; uma Educação desvalorizada e ignorada não consegue a qualidade necessária para fazer dos educandos cidadãos conscientes.
Se a Educação em Minas fosse a metade do que a mídia fala e mostra (salas bem equipadas, alunos felizes, material de primeira, professores realizados profissionalmente) os crimes não seriam tão bárbaros e com tanto requinte de crueldade; a pobreza não seria tão grande como no vale (isso a TV não mostra); os professores não teriam que encarar uma greve de 74 dias para serem percebidos; enfim, Minas realmente avançaria.
Precisamos condenar esta “Ditadura Democrática” e lutar para sermos reconhecidos como cidadãos de fato e de direito.
Alguns filósofos afirmam que a “razão da Educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que ele seja capaz”. Aí eu digo: a Educação tem sofrido variações infinitas com o tempo e o meio. O sistema educativo tem se perdido na atual realidade. Professores mal pagos, governantes descompromissados com o povo e sem real responsabilidade, escolas superlotadas, falta de capacitação dos profissionais, enfim, perda total da identidade.
É uma ilusão acreditar que podemos educar como queremos e para o qual nos preparamos tanto.
Como falar de percentuais de aprovação no ENEM se não temos como lutar contra os dragões da educação particular, extremamente bem equipada didaticamente e com uma clientela que passa longe da sobrevida?
Partindo de todos estes princípios, que cidadãos teremos se nossos governantes são exemplos de frieza, descompromisso, egoísmo, etc..
Somos educadores, somos formadores de consciência e de opinião. Precisamos aprender a medir a nossa força dentro de uma nação. A força que os homens do poder tanto temem.
Precisamos exigir dignidade e respeito para que possamos ser vistos como exemplo; para que não se acabe o profissional educador e para que possamos ser seguidos.
Esta chegando, novamente, a hora da escolha. Vamos ficar atentos. Vamos fazer valer a nossa voz.
(Texto transcrito de amiga que atua nesse campo apaixonante, minado e desafiador)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ficha Limpa: chega de blá-blá-blá.

Finalmente, o projeto Ficha Limpa foi aprovado e já valerá nas eleições deste ano. A Lei 9.840 foi criada para combater a compra de votos e o uso da máquina administrativa durante o período eleitoral. É a primeira Lei criada por iniciativa da população que se organizou e coletou mais de um milhão de assinaturas.

No site do Congresso em Foco diz que cerca de 20% dos atuais detentores de mandatos da Câmara e do Senado, se o Ficha Limpa existisse nas últimas eleições, não poderiam se candidatar. Alguns estão teimando em fazê-lo, mas esperamos que a Justiça Eleitoral impeça que isso aconteça.

Nos últimos dias, vários candidatos registraram suas candidaturas nos Tribunais Regionais Eleitorais. A pergunta que se faz agora é a seguinte: Não caberia a esses tribunais realizar uma triagem das inscrições? Quem irá fiscalizar?

O professor Daniel Seidel, da Universidade Católica de Brasília, amigo nosso desde os tempos de militância na Pastoral da Juventude, diz que houve uma solicitação, logo depois da aprovação da lei, para que os movimentos sociais, fizessem esse tipo de triagem. Cá entre nós: talvez quisessem “queimar” esses movimentos (uma tendência perceptível das elites que se sentem ameaçadas em seus privilégios). Essa possibilidade foi rejeitada por acharem que, justamente, quem tem que fazer isso são os Tribunais Regionais Eleitorais. Percebe-se, no entanto, com satisfação, que os Ministérios Públicos Eleitorais estaduais estão entrando com ações pertinentes, questionando uma série de questões que a Ficha Limpa apresentou.

Com a Ficha Limpa pessoas condenadas ficam inelegíveis por oito anos. Efetivamente, ela foi um passo a mais muito importante para o aprimoramento do sistema de democracia representativa que vive uma série de crises e falhas. A ideia era fazer uma reforma política que, como grande projeto, nunca vai adiante. Então se achou por bem fazer dessa forma a mudança, com projetos como o do Ficha Limpa. Se quisermos outro tipo de democracia, precisamos avançar muito para consegui-lo. E é bom que o eleitor esteja atento para essas questões, pois uma mudança desse “calibre”, que toca nos interesses de quem está no comando do poder político e pretende a todo custo se manter nele, não acontece de uma hora para outra, sem que se enfrente alguns trâmites delicados. No tocante a esse aspecto, é preciso cobrar que os sistemas jurídicos e judiciais funcionem com maior celeridade e imparcialidade nas suas decisões. São eles que devem dizer para a população quem pode e quem não pode ser votado. Quando terminar essa campanha eleitoral poderemos até fazer um balanço do quanto esse processo caminhou...

Em resposta à pergunta - Como se pode participar e contribuir para a aplicação da lei Ficha Limpa, o referido professor Seidel numa entrevista respondia: “Uma forma é acompanhar quem está se candidatando e quais são as decisões que o Judiciário está proferindo a respeito da situação desses candidatos. Com isso, popularizar a informação. Nós, enquanto população, temos que fazer o trabalho de base, ou seja, se esclarecer e ajudar no processo de divulgação das informações”.

Hoje, temos uma ajuda muito grande da internet, onde podemos intimidar candidatos e mostrar o quanto sabemos da lei e estamos acompanhando os processos. Dias desses, recebi por e-mail, uma lista contendo o nome daqueles que votaram contra os interesses dos professores que estavam, até bem pouco tempo, em paralisação por melhores condições salariais, numa assembléia realizada na capital mineira. Essa é uma eficaz ferramenta da qual não dispúnhamos com tanta eficácia e rapidez.
Então, resumindo, as pessoas podem participar, efetivamente, acompanhando as decisões do Judiciário, esclarecendo, por seus meios, o que está acontecendo no processo político e se engajando nos comitês de debate sobre corrupção eleitoral. Não seria nada ruim se cada partido político organizasse uma representação interna para cuidar exclusivamente desse item, evitando o ingresso ou permanência de pessoas desonestas nas suas fileiras. Com toda certeza a população agradeceria.

Alguém me abordava na esquina, comentando os meus artigos e solicitando algo nesse sentido. Pois aí está. A democracia deve estar também presente nos processos comunicacionais. O povo pede, a gente tem que procurar entendê-lo para atendê-lo.