segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Texto - Trabalho de Sociologia da Educação

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Atualizar a pedagogia face ao mundo mudado


Leonardo Boff *


Adital - Séculos de guerras, de confrontos, de lutas entre povos e de conflitos de classe nos estão deixando uma amarga lição. Este método primário e reducionista não nos fez mais humanos, nem nos aproximou mais uns dos outros e muito menos nos trouxe a tão ansiada paz. Vivemos em permanente estado de sítio e cheios de medo. Alcançamos um patamar histórico que, nas palavras da Carta da Terra, "nos conclama a um novo começo". Isto requer uma pedagogia, fundada numa nova consciência e numa visão includente dos problemas econômicos, sociais, culturais e espirituais que nos desafiam.

Esta nova consciência, fruto da mundialização, das ciências da Terra e da vida e também da ecologia nos está mostrando um caminho a seguir: entender que todas as coisas são interdependentes e que mesmo as oposições não estão fora de um Todo dinâmico e aberto. Por isso, não cabe separar mas compor, incluir ao invés de excluir, reconhecer, sim, as diferenças mas também buscar as convergências e no lugar do ganha-perde, buscar o ganha-ganha.

Tal perspectiva holística vem infuenciando os processos educativos. Temos um mestre inolvidável, Paulo Freire, que nos ensinou a dialética da inclusão e a colocar o "e" onde antes púnhamos o "ou". Devemos aprender a dizer "sim" a tudo aquilo que nos faz crescer no pequeno e no grande.

Frei Clodovis Boff acumulou muita experiência trabalhando com os pobres no Acre e no Rio de Janeiro. Na esteira de Paulo Freire, entregou-nos um livrinho que se tornou um clássico: "Como trabalhar com o povo". E agora face aos desafios da nova situação do mundo, elaborou um pequeno decálogo daquilo que poderia ser uma pedagogia renovada. Vale a pena transcrevê-lo e considerá-lo pois nos pode ajudar e muito.

1."Sim ao processo de conscientização, ao despertar da consciência crítica e ao uso da razão analítica (cabeça). Mas sim também à razão sensível (coração) onde se enraizam os valores e de onde se alimentam o imaginário e todas as utopias.

2. Sim ao "sujeito coletivo" ou social, ao "nós" criador de história ("ninguém liberta ninguém, nos libertamos juntos"). Mas também sim à subjetividade de cada um, ao "eu biográfico", ao "sujeito individual" com suas referências e sonhos.

3. Sim à "praxis política", transformadora das estruturas e geradora de novas relações sociais, de um novo "sistema". Mas sim também à "prática cultural" (simbólica, artística e religiosa), "transfiguradora" do mundo e criadora de novos sentidos ou, simplesmente, de um novo "mundo vital".

4. Sim à ação "macro" ou societária (em particular à "ação revolucionária"), aquela que age sobre as estruturas. Mas sim também à ação "micro", local e comunitária ("revolução molecular") como base e ponto de partida do processo estrutural.

5. Sim à articulação das forças sociais sob a forma de "estruturas unificadoras" e centralizadas. Mas sim também à articulação em "rede", na qual por uma ação decentralizada, cada nó se torna centro de criação, de iniciativas e de intervenções.

6. Sim à "crítica" dos mecanismos de opressão, à denúncia das injustiças e ao "trabalho do negativo". Mas sim também às propostas "alternativas", às ações positivas que instauram o "novo" e anunciam um futuro diferente.

7. Sim ao "projeto histórico", ao "programa político" concreto que aponta para uma "nova sociedade". Mas sim também às "utopias", aos sonhos da "fantasia criadora", à busca de uma vida diferente, em fim, de "um mundo novo".

8. Sim à "luta", ao trabalho, ao esforço para progredir, sim à seriedade do engajamento. Mas sim também à "gratuidade" assim como se manifesta no jogo, no tempo livre, ou simplesmente, na alegria de viver.

9. Sim ao ideal de ser "cidadão", de ser "militante" e "lutador", sim a quem se entrega, cheio de entusiasmo e coragem, à causa da humanização do mundo. Mas também sim à figura do "animador", do "companheiro", do "amigo", em palavras pobres, sim a quem é rico de humanidade, de liberdade e de amor.

10. Sim a uma concepção "analítica" e científica da sociedade e de suas estruturas econômicas e políticas. Mas sim também à visão "sistêmica" e "holística"da realidade, vista como totalidade viva, integrada dialeticamente em suas várias dimensões: pessoal, de gênero, social, ecológica, planetária, cósmica e transcendente."

15 comentários:

  1. O texto nos convida com ânimo à conscientização e ao ato de filosofar, adquirindo assim autonomia de pensamento e ações para que possamos todos inovar nessa area tão rica que é a educação.

    Renata - 3° período, Unipac

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  3. Ha uma necessidade de repensar os conceitos dos termos ensino e educação que em função desta nova proposta pedagógica se distinguem cada vez mais... A pedagogia é uma educação transformadora que acredita no ser humano, como um ser de mudança e de transcedência. Não podemos deixar morrer a crença de que a transformação é possível
    Se geralmente está ao nosso alcance definir novos objetivos para a nossa ação no campo de educação, frequentemente não está ao nosso alcance a escolha dos meios adequados aos novos objetivos.
    A elaboração de novas idéias depende de libertação das formas habituais de pensamento e expressão. A dificuldade não está nas novas idéias, mas em escapar das velhas, que se ramificam por todos os cantos da nossa mente, ou seja "Nosso mundo é tão mais global do que qualquer diversidade da história"!
    Érica Prince - 3º período de Pedagogia - UNIPAC -

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  4. Leonardo Boff nos alerta para uma visão includente, mas parece que a educação infelizmente caminha no rumo contrário.
    As escolas só se preocupam com índices e assistimos a uma triste competição entre elas, onde umas fazem questão de divulgar nos meios de comunicação a sua “feliz” colocação, enquanto as outras massacram seus alunos (ainda crianças) com simulados, deixando de lado a arte, o diálogo sobre questões locais, política, meio ambiente, a brincadeira e tantos outros temas que não serão cobrados nestas avaliações do governo. As inteligências múltiplas continuam sendo ignoradas na grande maioria das escolas e assim a grande maioria dos alunos continua odiando as escolas. E muitos professores dizem não entender a razão de tanta dispersão.
    Não sejamos tão céticos. Ainda continuamos a presenciar fatos que condizem com o que disse Einstein, ou seja, o milagre da curiosidade que sobrevive à educação formal, mas até quando?
    Diante disso, qual escola teria coragem de chegar em último lugar nos índices pelo bem de seus alunos? Infelizmente a maioria dos que encabeçam nossas escolas estão mais preocupados com o status do que com o bem dos alunos.
    Frei Clodovis Boff aponta um caminho, difícil mas eficaz. Somente aquela escola que tiver educadores que digam um “sim [...] cheio de entusiasmo e coragem à causa da humanização do mundo” poderão fazer um bem verdadeiro para a sociedade.
    A vida clama por educadores que digam sim à utopia, ao imaginário, ao coração.
    Infelizmente o mecanicismo ainda tem vencido, mas que estejamos atentos a conjugação verbal (tem vencido) e possamos transformá-la em passado mais que distante.
    Flávio de Carvalho Guerra - 3° período de Pedagogia - Unipac - São Lourenço / MG

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  5. Os tempos mudaram. A ambição dos homens está levando vidas preciosas a se dizimarem em lutas que deixam rastros de medo e incerteza. Mas existe um caminho a seguir: a educação capaz de transformar uma sociedade, reformulando os conceitos, criando novos questionamentos, buscando na educação um novo mundo. Na minha concepção a educação pode literalmente mudar uma sociedade que sofreu várias rupturas ao longo dos anos.
    Isabel Cristina Ferreira- 3º período - Pedagogia

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  6. A educação pede para seus profissionais que se libertem do pensamento tradicional,que tome novas iniciativas,que apresente o "novo" valorizando a capacidade e habilidade de cada um.Assim buscando um só objetivo de transformar a sociedade através da educação,mostrando que há várias possibilidades para serem descobertas e alcançadas.

    Raquel Ferreira Ivo 3ºperíodo

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  7. Como educadores engajados em um processo de transformação social necessita-se que esses profissionais acreditem na educação e mesmo não tendo uma visão ingênua, acreditando que essa sozinha possa transformar a sociedade em que está inserida, e acreditem que sem ela nenhuma transformação profunda se realizará. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas. O interesse pela escola se restabelecerá quando os professores deixarem de apenas transmitir conteúdos e orientarem os alunos para que descubram o conhecimento por si mesmos.

    Paloma F Ribeiro - 3º Período - Pedagogia

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  8. Nos tempos de hoje vivenciamos uma educação ao meu ponto de vista "fragmentada" fundada em uma nova visão econômica, social e cultural que nos desafiam em nosso cotidiano.
    Porque a educação é um processo temos e devemos portanto que termos objetivos certos para podermos mudar uma sociedade e até mesmo o mundo com gente capaz de pensar e reconhecer seus valores.

    Thaís de C. Oliveira- 3ºPeríodo Pedagogia

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  9. O texto nos leva a repensar o que realmente estamos esperando do mundo futuro da educação onde tudo é perfeito e imutável, onde sempre diremos sim . A educação é algo tão transformador , mas que esta perdendo sua força por não termos mais professores tão aplicados nos estudos e no ato de ensinar. A educação clama por bons professores/pedagogos, pois será a partir deles que surgirão novos professores/pedagogos. A educação é para todos.
    Aline M. Carlos _ 3Período Pedagogia UNIPAC

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  11. Embora muitos não acreditam, a educação pode sim mudar o mundo num futuro próximo, porém esse pessimismo aflige tanto as pessoas fazendo com que não idealizem crianças e jovens se capacitando afim de uma transformação.Como muita das vezes esse incentivo não vem de casa,professores e pedagogos precisam ter a consciencia de que o futuro está nas mãos daquela criança que muita das vezes não damos nada por ela,e instigá - la a procurar conhecimento, cultura e sabedoria.

    Valéria Rodrigues 3° perído - UNIPAC

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  12. Sim, sim a tudo, a tudo que entendemos bom, a tudo de todos, claro que excluo aqui o fundamentalismo gerador de guerras, os extremos que conflitam armados, mas devemos louvar a tolerância entre os iguais. E quem são os iguais? Somos todos nós, não há diferença entre os seres humanos e, apesar disso, muito se criou para afastar os povos.
    Essa dita Pedagogia renovada aparece como uma solução para os problemas enfrentados pela população e, quem sabe com ela as questões em geral sejam vistas com mais clareza e serenidade.? Aceitar o outro, o diferente, é complicado, mas é possível e devemos exercitar em nós essa possibilidade.
    A escola aparece como o ponto de partida para que o que entende-se por quimeras se tornem realidade e é a partir desse ponto que os educadores aparecem com todo seu valor e peso para transformar, de verdade, a vida e a essência de seus alunos. Para isso, porém, a mudança de pensamento e atitude tem de atingir essa classe primeiro, seus ideais e metas tem de ser moldados para esse novo fim para que, então, possam formar “novos” educandos e estes, por sua vez, também passarem para frente esse novo conceito até que este novo conceito se torne velho e muito usado no mundo todo.
    A mudança é possível, mas não com o que temos hoje. É possível, mas deve ser iniciada agora e para isso estamos aqui, novos educadores para receber e passar esse novo modo de encarar a realidade.

    Fernanda Gacia Machado Figueiral Coelho - 3º período - UNIPAC - São Lourenço

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  13. Nesse novo mundo que vivemos, os pedagogos precisam ser preparar para a dificuldade e diferenças encontradas nas escolas. Com essa concepção, percebemos que essas diferenças fazem parte de um todo e que deve sempre estar abertas a mudanças.

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  14. Vivemos em um mundo de constantes desafios, desafios nos quais temos que encontrar uma forma de superá-los, e este texto nos mostra um caminho que é uma pedagogia fundada numa nova consciência e numa nova visão.
    Devemos então, procurar desenvolver uma pedagogia renovada, e para nos ajudar a enfrentar estes desafios da nova situação do mundo, frei Clodovis Boff nos ajuda com seu decálogo.
    Seria difícil mencionar aqui, algumas destas citações, pois são todas de extrema importância. Fiquei vislumbrada ao lê-las e penso que se dermos o real valor e não deixarmos que elas fiquem apenas no papel, poderemos ter uma pedagogia que atenda às necessidades que o mundo moderno nos traz.
    Enfim, devemos lutar pela educação, pois é por meio desta, que iremos alcançar o nosso objetivo de ter pessoas conscientes, preparadas para enfrentar os desafios da vida moderna e, sobretudo, paz em nosso país.

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  15. Sim a conscientização das diversidades culturais estão nos cercando a todo instante, cabe ao bom profissional saber lidar com diferentes objetivos e quando algo der errado esta sempre com uma carta na manga, para surpreender as expectativas do aluno. O pedagogo tem de estar em constante pesquisa para atender o mercado de trabalho. A globalização ampliou e aguçou a visão do pedagogo ao novo método educacional. Trouxe consigo um vasto campo de pesquisa. Tudo que e novo causa-nos medo e o medo e o que nos faz crescer. O homem engrandece com novas experiências e essa só se torna visível quando vê que suas informações trouxeram bem feitorias.

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