quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Visão sobre os povos indígenas do Brasil

1. A sabedoria indígena em face às mudanças sociais

Os povos indígenas transitam pelos espaços da produção dos saberes, são suas aldeias. Ali nascem seus discursos, danças, ritmos, dúvidas, certezas, buscas, desconfianças. Ali nascem suas filosofias, teologias, sociologias... indígenas.

Os povos indígenas fazem parte do cosmo e do universo. A natureza, os rios, os igapós, as cachoeiras, as diversidades de vidas existentes na natureza, as diversidades de florestas constituem seus centros de pesquisas, construções de saberes. Interagindo com as vidas humanas e outras vidas, os povos indígenas crescem juntos. Continuamente constroem a qualidade de vida, bem estar e o bem viver.

Os mais antigos pensadores gregos diziam que os filósofos são amigos da sabedoria. A categoria existencial, ser amigo da sabedoria, é o elemento que perpassa em todas as culturas humanas. Os indígenas possuem muitos saberes que sustentam suas vidas, suas histórias e seus projetos de vida. Infelizmente, entre os não indígenas, poucas pessoas percebem e compreendem os saberes indígenas.

Diante das realidades em constantes mudanças, estão exigindo dos indígenas respostas e adequações a essas situações novas que os afetam direta ou indiretamente, fazendo com que eles tenham que encarar a existência deles juntamente com outras vidas.

Podemos até falar de uma Filosofia na Amazônia. Mas para isso, nós que conhecemos um pouco daquela “filosofia tradicional”, nós que já fizemos contatos com os Filósofos das escolas ocidentais reconhecidas, precisamos deixá-las um pouco de lado, para perceber e compreender como os povos indígenas organizam e compreendem as suas histórias.

Nos mundos indígenas encontramos os sábios benzedores, cantores, dançadores, pajés e pensadores. Eles continuamente estão afirmando: antigamente o mundo não era assim; os indígenas não eram assim. A constatação dessas mudanças faz com que estes sábios repensem suas próprias interpretações sobre as vidas, histórias e acontecimentos. Assim surgem novos pensadores. Em todas as culturas humanas existem os pensadores, os sábios, os sabedores. Nós precisamos mesmo de novos pensadores. Se não tivermos essas figuras pensantes nós vamos ser levados para quaisquer lugares, para horizontes sem pontos de chegadas, caminhos sem retorno.

Nos mundos indígenas os saberes e discursos sobre as diversas realidades são produzidos nas conversas do dia a dia e nas festas. Os homens sentados em seus banquinhos baixinhos, banquinhos que simbolizam o banco da vida, conversam sobre as vidas. Falavam assuntos sérios e em seguida intercalavam com histórias engraçadas, piadas que lhes provocavam gostosas gargalhadas. Assim é que são produzidos bons discursos, boas reflexões sobre as mudanças de épocas e o que nós homens deveríamos fazer no mundo atual. Eles se lembram de homens do passado e suas histórias; falavam de nós que estudamos nas escolas e universidades; falam de povos não indígenas e o que eles provocam no mundo; falam deles mesmos, viventes desses lugares onde florescem diversos saberes.

Os sábios não ficam se agredindo verbalmente nem por gestos uns aos outros como nós muitas vezes tendemos fazer, tentando impor nossos saberes aos outros.

As mulheres sábias se fazem. Diariamente, acordando bem cedo para banharem-se. Assim elas cultivam as sabedorias ancestrais de mergulhar nas águas fortificantes das madrugadas. Em seguida pacientemente, no ritmo do fogo se acender, da água se esquentar produzem os segredos da vida. Elas preparam o beiju, mingau, elementos nutritivos infalíveis entre as comunidades indígenas. Depois vão às roças, percorrem longos caminhos e outras vezes vão remando até chegarem aos lugares de seus trabalhos. Caminhando entre as fruteiras, limpando a roça, limpando a mandioca, estão construindo os saberes que seus antepassados começaram.

Os índios reconhecem que as diversidades culturais são riquezas, riquezas do universo e patrimônios da humanidade. Para eles, a pertença aos povos indígenas é garantia de identidades e sinal das diferenças. As identidades ajudam-lhes a saberem quem eles são, como estão se construindo e como estão construindo suas histórias. As diferenças os ajudam a reconhecer que eles são eles, porque existem os outros, com seus saberes, conhecimentos...

Estar numa terra é estar em casa. Mesmo assim, não se furtam do “olhar do outro”, pois não se acham donos da verdade sobre eles mesmos e sobre o que querem e para onde querem caminhar.

Enfim, eles possuem a consciência de viverem num período de profundas mudanças, e desse modo deverão procurar construir diferentemente suas vidas, histórias e projetos de vida, interagindo com a pluralidade de culturas, línguas, costumes, saberes, projetos, gêneros... A sabedoria lhes dá a consciência de estarem vivendo em sociedades plurais, complexas, onde aparecem múltiplas reações e ações, complexas posturas pessoais e institucionais. Essas realidades os desafiam a construir múltiplos projetos, múltiplas respostas, múltiplas soluções para o mundo que está mudando.

Um indígena Tuyuka, com Mestrado em Educação, assim dizia sobre a realidade educacional que eles enfrentam no momento: “Atualmente muitas crianças indígenas não falam mais a línguas indígenas. A televisão, os aparelhos de sons que tocam músicas, aparelhos de DVDs que mostram os filmes e músicas influenciam fortemente na construção de outras visões sobre o mundo e a vida. Já estamos dentro da era da internet, do Orkut, de Messenger, Facebook, Badoo, etc. Nas sedes de municípios do Rio Negro – AM, os jovens usam celulares, com eles tocam músicas, ouvem sons pondo fone de ouvido. Os jovens do interior levam MP3,4, etc. Muitos ouvintes de músicas desses aparelhos tornam-se surdos para os outros. Deixam qualquer pessoa ficar gritando para ver se lhe ouvem”...

2. Os Indígenas na Mídia

Vamos fazer agora uma contraposição falando da imagem do índio veiculada pela mídia e, sobretudo pela televisão. Nesse caso, trataria de mostrar a visão do civilizado sobre os povos considerados “selvagens”, justamente pela falta de um verdadeiro conhecimento sobre quem são eles.

Quem realiza pesquisa e mais do que isso, convive mais proximamente com as chamadas “nações indígenas” constata muita ignorância da mídia no modo de tratá-los. No que diz respeito à TV, por exemplo, sabemos que ela é movida por interesses de grupos de poder e interesses de mercado em função do lucro. Ora, índio não significa nada dessas duas coisas!

Por isso, vemos constantemente sendo repetidos os padrões de REDUCIONISMO, como se houvesse somente um tipo de índio no Brasil. O que não é verdade. Hoje, sobrevivem ainda cerca de 400 etnias diferentes no Brasil e em condições e com culturas bem diferentes. Isso dito representa anos e muitas décadas de quase uma “hipnose coletiva”, realizada pela mídia que, quando não distorce, desvaloriza a questão “identitária” na construção da imagem do índio brasileiro.

Essa questão da distorção foi largamente difundida por uma das maiores indústrias de construção de imagem que foi Hollywood, nos seus westerns, nos filmes de bang-bang, nos quais os indígenas significavam uma espécie de “entrave” a ação exploratória e civilizatória do branco colonizador. Alguma coisa começou a ser modificada nessa visão de uns tempos para cá, quando surgiram filmes baseados em outros paradigmas como foi o “dança com Lobos”, “Enterre meu coração na curva do rio”, e mesmo aquela saga moderníssima de “Avatar” que não deixou de alfinetar a mentalidade belicista e destruidora dos sonhos dos povos em harmonia com a natureza.

O que se passa é que evidentemente, não existe um só tipo de índio. Toda comunidade, no exercício da sua liberdade de ser, é construtora da sua própria especificidade, ou seja, da sua própria identidade, fator esse que lhe garante um modo de ser e estar no mundo. O que acontece é que o poder majoritário, pouco ou nada tolera o convívio com a diversidade, e consciente ou inconscientemente, trata de sufocá-la, no seu desejo frenético de igualar a todos aos seus padrões e aos seus valores. Coloca-se a cultura indígena num liquidificador, transformando aquilo tudo numa “pasta” que só ajuda acontecer uma coisa: a manutenção da ignorância nacional. No entanto, é a cultura diferenciada que faz a riqueza dos povos indígenas.

Com a chegada da internet pode estar havendo uma quebra desse perfil único. Existem grupos que já usam a internet para refazer essa visão a partir de seu próprio modo de ver as coisas, a partir do seu próprio olhar, o que – diga-se de passagem – pode ser muito mais importante do que a visão que nos fornece um antropólogo ou um historiador a esse respeito.

A TV Brasil é uma das únicas que está abrindo espaço para a veiculação de documentários realizados pelos próprios indígenas, realizando o que chamaríamos de “democratização dos meios de comunicação”. Mas nas TVs comerciais não passa absolutamente nada nesse sentido. Para essas, índio não é ninguém. Só vira manchete quando pega fogo ou quando é encontrado bêbado caído na sarjeta.

Verenilde Pereira, jornalista e pesquisadora da UnB, diz que a mídia impressa e as mídias de modo geral, trabalham com LACUNAS. Essas lacunas, não são lacunas quaisquer. Elas não conseguem aprender e não se preocupam com a singularidade desses povos. É uma questão grave porque anula a alteridade. Se o jornalismo faz uma representação dos fatos e episódios de modo a ser o mais verossímil possível, nessa questão ele subtrai a informação. Não sabemos o que faz um Pataxó ser Pataxó e o que o faz ser diferente de um Krenac. Que tipo de representação é essa que não capta a singularidade do sujeito ou de determinado grupo social? Qual seria o impacto dessa homogeneização? Uma figura abstrata. Um “Indio Genérico”.

No entanto, contam-se 246 nações indígenas, cerca de 800 mil indígenas e 140 línguas distintas (que não são gírias, têm lá suas estruturas próprias...).

Uma das situações mais precárias é a dos povos Guarani Kayowá – MS. De 2000 até 2005, o índice de suicídio era de 50 índios por ano. Para praticá-lo, não usam nada cortante. Se enforcam ou se envenenam. Até crianças o fazem. Estão vivendo praticamente em favelas. É uma situação dramática. A força da negação da cultura deles os tornaram subempregados dos canaviais. E isso raramente ou quase nunca se encontra reportado na imprensa nacional, ou seja, a situação degradante de um povo que certamente já foi muito numeroso e muito digno e que se constituem, pela constituição federal, cidadãos brasileiros, se encontram hoje em situação de penúria.

Os Guaranis estão sempre em “busca da terra sem males”. É um grupo de indígenas que cultiva muito a mística, a espiritualidade. Eles usam o termo “gejuvi” para o suicídio. Essa palavra significa; “palavra presa”. Vejam bem: sentem-se na sociedade como que “engasgados”, “impedidos de ser o que são”. O que me faz lembrar muito de Paulo Freire quando dizia que somos um “povo de silenciados”. Eles não se cortam, não se mancham, muitos tomam banho e se perfumam antes de praticar o ato final. Faz isso como se fossem para um ritual. Em busca do único modo que lhes restou para alcançarem a terra dos sonhos...

A falta de uma sensibilidade maior do jornalismo para perceber essa singularidade é a permanência do “estereótipo”. O estado brasileiro com maior concentração de índios é Roraima. Lá a visibilidade maior era dada quando eles lutavam pelas suas terras, mas pelo número de etnias presentes lá, deveriam ter muito mais espaço do que realmente conseguem ter. Ele aparece na mídia quando sofre ou quando pratica violência. Nunca é mostrado como sujeito de caráter no seu cotidiano.

Esse estereótipo é ainda muito presente na educação. No dia do índio, por exemplo, se há uma festinha na escola, geralmente as crianças se vestem de apache nos moldes norte-americano...

Entre as décadas de 60 a 80, quando o conflito de terra pipocava, a fala do índio era interditada. Nos nossos dias, se vê mais a questão indígena nas reportagens, mas é ainda uma fala fragmentada. A revista “Veja” no ano passado, publicou um artigo intitulado: “A farsa da antropologia oportunista”, ridicularizando os índios.

E qual é a imagem dos indígenas na dramaturgia? Enquanto o negro é visto sempre como o serviçal, mais “integrado” na casa do patrão, o índio é o sujeito obtuso, que não sabe falar, que não seve para nada, que não pensa... O alcance disso é enorme no inconsciente coletivo.

Há uma lei que vai incluir o ensino da história dos negros e dos indígenas na escola. Quem sabe isso consiga trazer, a médio e longo prazo, alguma mudança de mentalidade. Mas o “deseducação” que a mídia faz hoje nesse aspecto, reforça o preconceito e o desconhecimento que gera os estereótipos que continuam servindo aos dominadores. O índio precisa ser sujeito da sua própria fala, enquanto a TV faz o deboche: na escolinha do professor Raimundo fez o deboche, continua fazendo na Escolinha do Gugu, o Programa do Pânico trata a mulher indígena como objeto sexual e assim por diante... Acontece que a TV também chega nas aldeias e podemos imaginar o efeito disso na mente das próprias crianças de lá...

A principal demanda do movimento indígena brasileiro atualmente é pela educação. Eles têm consciência que devem chegar até às Universidades para que possam melhor estruturar suas demandas frente ao Estado. Começamos a ter os 1os. advogados, os profissionais na área de saúde e de manejo florestal.

Os indígenas disputam a “cota” com os negros. Se hoje se chegou a esse patamar de termos índios com curso superior, com mestrado e até com doutorado, foi porque houve um planejamento anterior realizado pelas próprias comunidades. Não foi por razões de política e de planejamento governamental.

Existe hoje uma indígena ocupando a cadeira de educação indígena no Conselho do MEC (Rita Potiguara). Ela está lutando por bolsas e para que os financiamentos avancem. Mas os indígenas universitários dizem que a passagem deles pelas universidades não é uma coisa tranqüila. Acontece que as escolas não estão isentas de preconceitos. Alguns desistem porque não conseguem se manter. Sentem-se como extraterrestres. A presença de um estrangeiro, por vezes, é melhor aceita do que a presença de um índio. O mesmo acontece nas narrativas de novelas onde aparecem os turcos, os portugueses, os italianos que são bem naturalmente aceitos.

3. Os Indígenas na política desenvolvimentista do Estado

Por não dispormos de muito tempo, vou apenas pontuar aqui alguns episódios que nos auxiliam para que cada um tire suas próprias conclusões de como foi e como está sendo tratada a questão indígena hoje no Brasil, em tempos de política neoliberal:

- Na década de 60 as denúncias internacionais de esquartejamento de indígenas, o envenenamento de grupos indígenas e a invasão de suas terras e espoliação dos recursos naturais, fez com que delegações internacionais viessem ao Brasil e comprovassem as denúncias, que acabou com a extinção do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) e criação da Funai.

- Hoje os esquemas são outros, mais sofisticados. São as usinas de açúcar e etanol, são os mega projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como a hidrelétrica do Xingu. A invasão não vem de transamazônicas ou da Perimetral Norte, ou da Rodovia Norte-Sul, que exigia a retirada dos indígenas, isolados ou não, para que as estradas do progresso e da morte passassem.

- Na época se denunciava os períodos da caça aos índios, com a expansão e o milagre que governos da ditadura militar anunciavam como progresso. Os índios eram considerados, empecilhos, cancros, obstáculos a serem removidos. Quem diria que um dia se voltassem a esses tempos, com outras roupagens. A ditadura do capital financeiro, as grandes multinacionais repetem a triste história.

Os acampamentos indígenas são a face mais perversa e nefasta da política de setores políticos e econômicos regionais, que tem se posicionado de forma obstinada e intransigente contra o reconhecimento das terras indígenas.

- Todos esperavam que com uma mulher ocupando o cargo da presidência teríamos um governo com maior sensibilidade às causas humanitárias. Passados já os 10 meses de mandato algo é possível dizer, mas concluam os senhores mesmos mediante alguns fatos ligados a sua ação governamental em direção ao que podemos chamar aqui de “os últimos dos últimos”:

- Roberto Antonio Liebgott, graduando em Direito pela PUCRs é missionário leigo, atuando no Cimi Regional Sul - Equipe Porto Alegre. Ele nos diz o seguinte:

“Pode-se dizer que o projeto desenvolvimentista da presidente avança, inclusive, para além das fronteiras nacionais. Não foi à toa que recentemente o governo Dilma emitiu nota, através do Itamaraty, defendendo a construção de uma estrada na Bolívia. Contrariando interesses dos povos indígenas daquele país, que marcham e lutam contra a obra e não aceitam que esta rasgue as suas terras. Apesar de todos os protestos o governo brasileiro saiu em defesa da estrada a ser construída na Bolívia e que terá origem em Porto Velho - Brasil. Seria uma manifestação de interesse altruísta ao projeto de desenvolvimento de boliviano? Não exatamente! A explicação é bem mais rentável do que parece: a estrada, orçada em US$ 415 milhões, é financiada com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e vem sendo construída por uma das maiores empreiteiras privadas com sede no Brasil, a OAS”.

- Fartura de recursos para investimentos, para empreendimentos, para financiamento de grandes projetos, penúria para a maioria da população, para quem se destinam precárias ações de assistência em saúde, educação, segurança e algumas políticas compensatórias destinadas através de bolsas.

- A presidente fez uso de Medida Provisória para reduzir limites de parques ambientais, determinou a liberação de licença para desmatamento na região onde pretendem construir os canais da usina de Belo Monte e ao cobiçado complexo hidroelétrico do Rio Tapajós, bem como fez vista grossa à aprovação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados. Um começo e tanto para apenas dez meses de governo! Podemos supor quantas clareiras serão abertas e quantas florestas tombarão para deixar passar o bonde desenvolvimentista.

- À guisa de conclusão eu relataria apenas aqui a palavra de Egon Dionísio Heck, Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul quando dizia que: “Só com intensa mobilização e denúncia nacional e internacional se conseguirá reverter esse absurdo quadro anti-indígena”.

No que diz respeito ao poder midiático, é preciso encontrar espaços alternativos para que o índio possa ser ‘protagonista” da narração da sua própria história, a fim de que a sociedade como um todo, possa sair da sua ignorância sobre quem são eles de fato. Uma informação: agora em dezembro próximo será lançada uma Rede de Cultura Indígena na Internet, o que pode significar mais um ponto de apoio na preservação das identidades desses vários povos que seguem lançando suas flechas rumo a tempos que lhes sejam mais favoráveis...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Processo Seletivo 2012



ENTÃO GALERA:

DIA 11 DE DEZEMBRO – DOMINGO – É O DIA DE MUDAR SUA VIDA!

Escolha fazer uma coisa diferente, que pode mudar seu destino!

Muita gente já fez essa escolha e REALMENTE mudou. Hoje são muitas pessoas trabalhando em bons cargos, nas mais diversas empresas; sem sair de nossa região. Já pensou? Ganhar bem, ser reconhecido e ainda morar no lugar onde a gente vive hoje!

É... porque SP, Rio e outras grandes cidades estão uma barra! A gente vai e acaba voltando, pois aqui é nossa terra.

Então, vamos fazer o vestibular da FACULDADE PRESIDENTE ANTONIO CARLOS DE BAEPENDI?

Você pode escolher Administração ou Pedagogia! As áreas que mais crescem no momento.

Vai ser no domingo, dia 11 de dezembro, das 9 às 12 horas no Colégio Sto. Inácio em Baependi.

Veja no site www.unipac.br – opção BAPENDI para fazer sua inscrição ou ligue para

35 3343 3161, na Secretaria da Faculdade, a partir das 15 horas até às 21 horas de segunda a sexta e fale com a Ana Carla.

Cursos reconhecidos pelo MEC!

APROVEITE PARA MUDAR SUA VIDA!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Que pena que foi pouco comentado!

Essa magnífica atitude do Bispo de Fortaleza, digna de todos os elogios, deve ser repassada para todo pessoal de sua lista, formando um corrente no sentido de que todos internautas tomem conhecimento desse gesto,de enorme alcance moral, muito raro nos dias atuais.

Brasília - Uma solenidade de entrega de comenda no Senado terminou em constrangimento para os parlamentares que estavam em plenário. Em protesto contra o reajuste de 61,8% concedido a deputados e senadores na semana passada, o bispo de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.

Em discurso, ele destacou a realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar as filas dos hospitais da rede pública. "Não são raros os casos de pacientes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta".

Dom Manuel da Cruz lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários, da ordem de 61,8%, com efeito cascata nos vencimentos de outras autoridades, "enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza mal conseguiram 6% de aumento em recente luta por elevação salarial", disse. O bispo mencionou também as aposentadorias reduzidas, o salário mínimo que cresce em "ritmo de lesmas".

Comenda

Ao recusar a comenda, o bispo foi taxativo: "A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la".

Nesse momento, quando a sessão era presidida por Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor da homenagem, o público aplaudiu a decisão.

Após a recusa formal, o bispo cearense acrescentou que "ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho".

Ele acrescentou que o reajuste dos parlamentares deve guardar sempre "a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e o da aposentadoria".

Dom Edmilson Cruz afirmou que assumia a postura com humildade, sem a pretensão de dar lições a pessoas tão competentes e tão boas".

Diante da situação criada, o senador José Nery (Psol-PA) cumprimentou o bispo pela atitude considerada "coerente" com o que pensa.

"Entendemos o gesto, o grito e a exigência de dom Edmilson Cruz que, em sua fala, diz que veio aqui, mas recusará a comenda Dom Helder Câmara. Também exige que o Congresso Nacional reavalie a decisão que tomou em relação ao salário de seus parlamentares", acrescentou o senador paraense.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Urgência de Minas

Sabemos que é papel da democracia garantir a soberania popular e que a Suprema Corte é órgão soberano nas decisões dos grandes conflitos institucionais. O Judiciário e o Ministério Público não podem se submeter aos “devaneios ditadoriais” do Executivo; não podem fazer “vista grossa” à decisão desvairada e aos desmandos do Executivo quando uma categoria luta e clama por justiça.

Neste momento em que, mais uma vez, uma categoria se rebela e faz greve por justiça, precisamos de um Ministério Público e de um Judiciário corajosos o bastante para balizar a possibilidade de intervir no Estado que está sendo ferido pela prepotência e descaso de seu Gestor.

No dia 07/04/2011 o Supremo Tribunal Federal julgou a constitucionalidade da Lei Federal que instituiu o Piso Salarial Nacional para os Profissionais da Educação. Por dois anos o Supremo estudou a Lei e, enfim, concluiu que a mesma é constitucional e que os Estados, Municípios, Distritos e União devem cumpri-la, já que tiveram tempo suficiente para adequarem-se a ela.

O Sr. Governador de Minas Gerais acredita e diz e “faz acontecer” que Subsídio é PISO e a classe da docência continua vivendo na indecência. A indecência desumana da carreira desvalorizada e sem perspectiva de crescimento; do trabalho mal remunerado; das péssimas condições de trabalho; da clientela desestruturada; dos diretores ressentidos; enfim, um problema que se alastrou com o Estatuto da Criança e do Adolescente mal aplicado, aumentou com a Avaliação de Desempenho punitiva e, para completar, torna-se insustentável com um governador “fora da lei”. que se acha no direito de não cumprir a lei e “enfia goela abaixo” dos profissionais da Educação – só dos profissionais da Educação – um subsídio vergonhoso que destrói a carreira que cada um labutou uma vida inteira para construir.

Hoje, a maioria dos Servidores da Educação – Professores - são PEB III A, com nível superior de escolaridade e recebem, no momento, um subsídio de R$1.320,00, mas têm um PISO salarial de R$550,48. Vamos analisar juntos: a Lei 11.738/08 determina, indiscutivelmente, que o Piso Salarial Profissional é de R$1.597,87 com os reajustes cabíveis. O MEC divulgou que o mesmo PISO é de R$1.189,97, com os reajustes que ele entende como legais. Divergências à parte, o PISO era R$ 950,00 em agosto de 2008 quando a Lei foi sancionada. Hoje, com certeza absoluta, o Piso Salarial para um professor com escolaridade nível médio (antigo Curso Normal), é de no mínimo, R$1.189,97. Esta é uma decisão para todo o país com o aval indiscutível do Supremo Tribunal Federal.

Demoramos 180 anos para ter um Piso garantido por Lei, e olha que não se trata de um valor compatível com a nossa escolaridade – em comparação com o salário de outros profissionais com o mesmo nível de formação - nem mesmo com a responsabilidade que temos de ensinar e formar cidadãos.

Nossa profissão está perdendo o respeito por si mesma; o Sr. Governador dispõe da nossa carreira como bem entende tentando mostrar força política; nossos alunos zombam de nossa luta pela falta de união da classe.

Sempre fomos mal pagos. O Brasil já nasceu pagando mal seus mestres. A primeira lei para o Magistério foi feita em 1827 e estabelecia um Piso de 25 mil réis – um terço do que ganhava um feitor de escravos. Em valores atuais, algo em torno de R$930,00. Com o passar do tempo, o que já não era bom, ficou ainda pior. Os investimentos governamentais não cresceram na mesma proporção que o número de alunos e com isso começou a deteriorar-se o ambiente escolar. Agora, com os Projetos Bolsa Escola e Bolsa Família, o ambiente ficou pior e a clientela, pior ainda. Com o ECA, os pais não conseguem educar seus filhos que aprendem de tudo na TV e na Internet mas são enviados à escola só para garantir a ajuda do governo. O interesse em aprender é quase nenhum e cada vez menor: pois criou-se e estabeleceu-se uma cultura de assistencialismo que vai contra a dignidade da pessoa humana.

Não queremos aumento, não queremos favores, queremos o cumprimento da Lei Federal. Queremos o nosso direito. Queremos a valorização da carreira que escolhemos por vocação e compromisso com a pessoa humana. Somos educadores de todo o país lutando por dignidade.

Ao povo deste país não é dado o direito de desconhecer ou descumprir a lei, portanto, dela somos conhecedores e queremos que seja cumprida. Em nossos sonhos, mesmo que quase iludidos, ainda divisamos a JUSTIÇA, a última trincheira na defesa de nossos direitos, principalmente quando o nosso inimigo é o poder Público, que tem o péssimo hábito de não cumprir as leis. A verdadeira JUSTIÇA, a que todos queremos, é aquela que garante o exercício da cidadania, caracterizada pela vida digna para todos os brasileiros sem exceção, o que há de ser conseguido através de leis justas e governantes comprometidos com seu povo.

Hoje, o que temos é um salário indigno, uma sub-sala de aula, uma ditadura democrática que nos encosta contra a parede e uma coragem indescritível de fazer valer nossos direitos. Não podemos perder essa coragem.Não nos deixem perder essa coragem.

Nós, professores, ainda somos (e sempre seremos – se o Estado não destruir de vez o sonho dos novos de quererem ingressar em uma carreira mal paga e sem perspectiva de futuro) os responsáveis pela Educação neste país e estamos absolutamente certos em nossa luta. Nossas dificuldades são imensas. Porém, não são maiores que nossas esperanças.

Sentimo-nos em meio a um fogo cruzado, onde aqueles que deveriam lutar por nossos direitos escafucham as leis de toda maneira para que a Lei do Piso não seja cumprida e não encontramos quem possa nos defender e valorizar realmente a Educação. A professora Amanda Gurgel do RN fez ouvir sua –nossa - voz em todo o país – gritando por nossos direitos e o máximo que a sociedade quis fazer foi premiá-la com o “Educador de Valor” – que ela dignamente recusou pois é absurdo uma sociedade premiar uma pessoa que conseguiu levantar a cabeça e ir contra uma situação de injustiça imposta por esta mesma sociedade. Os professores não queremos prêmios isolados: queremos valorização efetiva de nossa carreira.

Else Vasconcelos e Rozana Tavares,

Professoras da Rede Pública de Ensino Brasileiro.