sábado, 14 de novembro de 2009

Nunca ouvi o Jabor falando besteiras.

Nunca vi uma análise tão lúcida, embora tão contundente. Mas, pasmem os senhores: a democracia que aí está não suporta tanto, e por isso, manda tirar comentários do quilate desse talentoso jornalista Arnaldo Jabor , do site da CBN. Estaríamos vivenciando uma espécie de censura às avessas? Ou seja, restringe-se abordagens de profundidade e mantêm-se o besteirol? Ainda bem que em tempos de internet , a “preciosidade” percorre agora ainda mais solta o seu curso, como o soar insistente de um despertador, ao mesmo tempo “chato” e ao mesmo tempo “previdente”, a dizer: “acorda”; “está na hora de se levantar”; “subestimam por demais a nossa inteligência”.

Transcrevo aqui só alguma de suas frases: “As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para contestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma neo-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte”. Outra: “A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada – só valem as versões, as manipulações”.

Lá pelas tantas um desabafo de quem por vezes se cansa de “tanto ver triunfar as nulidades”, como dizia o nosso Rui Barbosa: “Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?'.. A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo”.

E ainda mais essa: “Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua...” Aliás, vejam o que resultou do camuflado processo sobre a desqualificação da figura do profissional de jornalismo na sociedade brasileira... Se estamos em plena era da informação, seria óbvio supor tratar-se do tipo de profissional do qual se exigiria uma esmerada preparação acadêmica. No entanto, muitos jovens que tinham em mente seguir essa maravilhosa carreira, encontram-se hoje com os pés atrás. Talvez não fosse mesmo do interesse do governo, possibilitar uma formação de qualidade a esse profissional. Seria bem melhor que elas, inclusive, se preocupassem com os concursos de beleza, com bumbuns e estética corporal, como evidenciou o incidente com a universitária dos trajes provocantes em São Paulo. Jornalistas bons costumam ser argutos críticos sociais. Por incrível que pareça, abordagens que deveriam estar na pauta do dia, só chegam à discussão pública através dos programas cômicos, como o “Pânico na TV” , “CQC”, “O furo” do MTV, etc. Não vai aqui nenhuma depreciação em relação a esses programas, pelo contrário, eles as vezes nos salvam da mediocridade...

Os apagões, as crises econômico-financeiras e ambientais nos ensinam muito. Se houver ainda um pouco de bom senso, eventos como esses ajudar-nos-ão a colocar os pés na realidade, a olhar melhor para a sociedade na qual vivemos e descobrir que ela é feita de muitas fragilidades e inconstâncias. Não gosto do pessimismo, mas sou forçado a dizer: pode ser que os verdadeiros apagões ainda estejam por vir...

É estranho como esses esquemas repetem-se nos vários níveis, no geral e nas partes, nos macros e depois, vão descendo numa metástase contaminante, como que por tabela, até atingir os micros subsistemas dos organismos sociais. No estado e no município, a incúria, por vezes submerge, colocando às claras suas fragilidades e as insustentabilidades. É por demais preocupante a situação em que se encontra a nossa Universidade. Todos temos os nossos defeitos. Ninguém está imune aos erros provenientes das suas próprias limitações, por isso é preciso antecipar-se a elas com ações e tomadas de decisões colegiadas, com um ouvido ultra sintonizado nos reclamos do povo, estendendo canais de comunicação com os principais implicados nas temáticas, exercendo o poder com atitudes dialógicas, criativas e saneadoras.

Acho que é porque uma minoria consagrou uma tacanha e obsoleta postura política, que vai fazendo escola e engessando tudo dentro de uma visão muito restrita. Se soubéssemos como seria muito mais compensador uma outra forma de ver e fazer acontecer as coisas, a felicidade não seria algo assim tão distante dos nossos desejos e projetos. Ninguém teria receio de quem enxerga a partir de outros ângulos e foge da degeneração do pensamento único. A filosofia brasileira tem essa máxima para guardar: “A unanimidade é burra” – dizia Nelson Rodrigues.

O estado do Paraná acabou de realizar com brilhantismo a sua conferência de comunicação. Será que nós mineiros, tidos como tradicionais e conservadores, teremos também a nossa? Para fazer justiça ao presidente, termino dizendo da sua coragem em lançar esse debate necessário em todo o país. É urgente repensar aspectos essências da comunicação social no Brasil e a hora é agora.

Mestre em Comunicação Social pela PUG – Roma

http://mafraprof.blogspot.com.br/